A denúncia sem provas de que emissoras de rádios do Nordeste, especialmente da Bahia, teriam deixado de veicular mais de 154 mil inserções do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, feita nesta segunda-feira (24) pelo ministro das Comunicações Fábio Faria (PSD), trata-se de uma armação golpista, segundo o professor e pesquisador da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), João Cezar de Castro Rocha.
Em postagens no Twitter, o professor salienta que a “denúncia” seria uma estratégia para justificar o não reconhecimento de uma possível derrota de Bolsonaro nas urnas, no dia 30 de outubro.
“Decodificando a estratégia golpista. Ou: Fábio Faria é o Roberto Jefferson do dia. A “denúncia”, feita com olhos esbugalhados e voz pastosa, pretendia apenas gerar tumulto nos últimos dias da campanha. Mas a granada vai sair pela culatra”, escreve o professor, acrescentando que os estrategistas não contavam com a inteligência e esperteza do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“O general Brancaleone da campanha acreditou que Alexandre simplesmente abriria um inquérito, que, claro, só seria concluído após a eleição. Nesse caso, o caminho estaria aberto para a contestação golpista do resultado. Isto é, da derrota de Bolsonaro. Seria o caos!”, observa.
“Mas a ação brilhante do ministro Alexandre mostra que ele estudou a fundo a dinâmica das redes sociais. Agora, o desejo de tumulto não prosperará mais do que 24 horas: o rumor golpista vai se extinguir “sem estrondo, num gemido”. Mais: o desejo de tumulto virará crime”, acrescenta.
Já o cientista político Christian Lynch, revelou que a empresa escolhida pelo ministro das Comunicações para fazer auditoria nas rádios do Nordeste não dispõe de autorização para tal finalidade. Segundo ele, trata-se de uma empresa de suporte técnico de Internet de algum amigo que teria emprestado o nome em troca de dinheiro.
“A empresa escolhida por Fábio Faria para “fazer auditoria” nas rádios nordestinas sequer tem autorização para “fazer auditoria”. É uma firma de suporte técnico de Internet de algum amigo, que emprestou o nome em troca de dinheiro. Como tudo no bolsonarismo, a empresa é falsa”, relata Christian no Twitter.
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, concedeu prazo de 24 horas para a campanha de Bolsonaro apresentar provas da denúncia feita pelo ministro das Comunicações, sob pena de abertura de processo contra os denunciantes por crime eleitoral.
De acordo com o TSE, até o momento as provas documentais solicitadas pelo presidente Alexandre de Moraes ainda não foram apresentadas pela campanha de Bolsonaro.
Por Redação
Foto: Divulgação
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