Defender o ‘abre-tudo’ na economia é defender também o ‘abre-covas, diz Gualberto

A insistente cobrança por uma maior flexibilização do decreto governamental em relação às medidas de isolamento social, principalmente no que diz respeito à reabertura do comércio, é motivo de indignação do deputado estadual Francisco Gualberto (PT).

Durante sessão remota, através de videoconferência, com o secretario de Estado da Saúde, Valberto de Oliveira, o deputado disse que “defender o ‘abre-tudo’ na economia é defender também o ‘abre-covas’”.

O deputado ficou preocupado quando ouviu do secretário a seguinte frase: “A gente sabe das pressões que o governador recebe nesse momento em relação a como tratar essa temática do coronavírus”.

Além disso, Gualberto viu na imprensa local representantes do setor comercial de Sergipe fazendo comentários sobre os decretos do governador Belivaldo Chagas e entendendo que para eles o último decreto já trás a expectativa de que o famoso ‘abre-tudo’ logo acontecerá.

“O mundo inteiro não será o mesmo após essa pandemia. Nem do ponto de vista da saúde humana, porque muitos seres humanos desaparecerão da Terra, nem do ponto de vista da economia. Esse é um momento no qual a humanidade não vislumbra um cenário ideal para isso tudo”, comentou, em tom de crítica aos empresários.

“O que podemos pensar com racionalidade é que haja a possibilidade de travar uma luta para escolher o cenário menos pior”, disse o deputado.

Com base nos cenários atuais, Francisco Gualberto defende a seguinte tese: “entre uma crise econômica, que pode ser restabelecida depois, e um número alto de pessoas que vão morrer em Sergipe, no Brasil e no mundo, ou que poderão morrer pelo ‘abre-tudo’, eu falo com tranquilidade: os vivos ajudarão a recuperar a economia futuramente, mas a economia não recuperará as vidas que serão perdidas”.

O deputado também revelou que lhe chamou a atenção o fato de um deputado federal por Sergipe ter coordenado uma reunião com autoridades neste momento de pandemia, mas as reivindicações eram relativas ao mercado financeiro.

“Por isso nós precisamos fortalecer o outro lado. Todos temos consciência no mundo todo de que o afastamento social é importante. É fundamental para salvar vidas nesse momento”, frisou Gualberto, que também se indignou com informações do secretário de saúde sobre os preços cobrados por aparelhos respiradores.

Nas últimas semanas, segundo Valberto de Oliveira, variou de R$ 30 mil, no início da pandemia do Covid-19, e hoje as empresas cobram até R$ 250 mil por um único aparelho.

“Nesse momento nós deputados temos que prestar atenção que o mercado cuida de lucro, e não de saúde. Cuida de movimentação financeira e econômica pelos seus negócios. E nós estamos num momento de tragédia, e não podemos ceder a determinadas pressões”, disse o deputado.

“Nós sabemos que defender o ‘abre-tudo’ é defender também muita abertura de covas para que as pessoas sejam sepultadas. Por isso precisamos defender o Governo de Sergipe para que tome medidas nas quais a vida esteja em primeiro lugar. E em segundo lugar pode estar qualquer outra coisa, inclusive a economia”, afirmou Gualberto.

O deputado anunciou que na próxima sessão remota da Assembleia Legislativa vai apresentar um requerimento de declaração de apoio a qualquer decreto do governador Belivaldo Chagas que continue buscando preservar vida em primeiro lugar. Ele vai pedir aos colegas parlamentares que assinem também este requerimento.

“Não sou economista, mas sei que uma crise na economia pode ser revertida. Mas só será revertida com pessoas vivas”, disse o deputado.



Por Gilson Sousa
Foto: Divulgação

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