Defender a Ditadura é, no mínimo, um contrassenso do Cinform, diz SINDIJOR

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Sergipe (SINDIJOR-SE) emitiu uma nota pública nesta quarta-feira (3), criticando o jornal semanário Cinform por defender a Ditadura Militar em seu editorial.

A entidade de representação dos Jornalistas e do Jornalismo em Sergipe, diz ser incompreensível que um veículo de comunicação queira suavizar e defender um momento histórico no Brasil onde as liberdades – sejam elas políticas, culturais e individuais – foram cassadas, pessoas foram mortas, outras desapareceram e várias foram torturadas simplesmente pelo fato de discordarem da política implantada pelo regime. Confira a nota do sindicato.

A nota

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Sergipe (SINDIJOR-SE), entidade de classe que representa os Jornalistas e o Jornalismo em Sergipe, vem a público repudiar o editorial do jornal Cinform publicado no dia 1º de abril.

O editorial fez a defesa do período da Ditadura Militar entre os anos de 1964 a 1985 e se utiliza de argumentos que para quem está no ano de 2019 do século 21 soam quase ingênuos se não fossem propositais no sentido de contar uma história que não tem base científica e sequer documental. Pelo visto o Cinform resolveu adotar a prática do revisionismo histórico para atender aos seus interesses e de quem eles apoiam.

É incompreensível que um veículo de comunicação queira suavizar e defender um momento histórico no Brasil onde as liberdades – sejam elas políticas, culturais e individuais – foram cassadas, onde pessoas foram mortas, outras desapareceram e várias foram torturadas simplesmente pelo fato de discordarem da política implantada até então.

O editorial também é explícito ao dizer que a sociedade queria a Ditadura Militar, mas esquece de falar sobre o papel dos veículos de comunicação neste “querer” do “povo brasileiro”. Anos antes do 1º de abril de 1964, vários veículos de comunicação fizeram a defesa de que o país estava sob “ameaça comunista” e precisaria de uma intervenção militar. Mas estes mesmos veículos foram punidos com censura. Quantos jornais e rádios tiveram seus conteúdos censurados. O que foram as receitas de bolo – em substituição à matérias censuradas – foram publicadas pelos jornais Folha de São Paulo, Jornal do Brasil, O Globo e O Estado de São Paulo durante os anos em que os militares estiveram no poder?

Pelo que se pode perceber do editorial, se àquela época o semanário Cinform existisse seria um daqueles a manifestar que a “ameaça comunista” era latente e era necessário depor o então presidente eleito dentro das regras do jogo da época e outro tipo de Estado fosse responsável pelos rumos do país.

No mesmo dia em que atos, eventos e mobilizações apontam que este foi um período que nunca deve ser esquecido para nunca ser repetido, o Cinform parte para defesa de um período onde houve tolhimento de liberdade de expressão, cerceamento de direitos, proibição de protestar, de reclamar, de reivindicar, ao fazer isso através do seu editorial o jornal semanal presta um desserviço para a sociedade sergipana.

Mesmo sendo uma propriedade privada e não uma concessão pública, como é o caso do rádio e da televisão, o SINDIJOR entende que o Cinform precisa fazer uma reflexão sobre o seu papel como órgão de imprensa, em respeito às vítimas da Ditadura Militar e à Democracia.

Diretoria do SINDIJOR

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