Após dois anos de paralisação, as Fábricas de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen), localizadas em Laranjeiras (SE) e Camaçari (BA), devem retomar suas atividades a partir de outubro de 2025. A retomada será viabilizada por meio de um acordo entre a Petrobras e a Unigel, que permitirá à estatal reassumir o controle das unidades industriais, antes administradas pela Proquigel, subsidiária da Unigel.
A decisão foi autorizada pelo Conselho de Administração da Petrobras e visa encerrar disputas contratuais e litígios envolvendo a gestão anterior. A produção nas fábricas utilizará gás natural da própria Petrobras como matéria-prima, essencial para a fabricação de fertilizantes nitrogenados, como a ureia.
A unidade de Sergipe tem capacidade instalada para produzir 1,8 mil toneladas de ureia por dia, além de comercializar amônia, gás carbônico e sulfato de amônio. Já a planta na Bahia pode produzir até 1,3 mil toneladas diárias e também fornece amônia, gás carbônico e Arla 32, agente redutor usado em motores a diesel.
Diante da elevada demanda nacional – o Brasil importa cerca de 80% dos fertilizantes que consome – a produção das unidades reativadas deve encontrar mercado garantido dentro do país.
A reabertura das fábricas representa uma vitória para o movimento sindical e para a Central Única dos Trabalhadores em Sergipe (CUT-SE), que desde o governo Bolsonaro defende o fortalecimento da Petrobras no estado e a reativação das unidades.
Apesar da estimativa da Federação Única dos Petroleiros (FUP) de geração de aproximadamente 2,4 mil empregos diretos e indiretos com a retomada, o presidente da CUT-SE, Roberto Silva, fez duras críticas à política de privatizações que resultou no fechamento das fábricas.
“Olha o risco que a privatização traz. Veja como o país fica vulnerável. O processo de privatização entrega nossas riquezas à iniciativa privada e, quando a atividade deixa de ser lucrativa, a Unigel simplesmente fecha as portas e vai embora. Uma empresa pública jamais faria o que a Unigel fez: deixar uma fábrica importante parada por dois anos. A privatização é um problema. Por isso, a CUT Sergipe é contrária a qualquer tipo de privatização”, afirmou Silva.
Ele reforçou ainda que a interrupção das atividades por tanto tempo teve impacto direto sobre a economia local e a segurança alimentar nacional.
“Na hora em que a atividade não dá mais lucro, simplesmente a Unigel fecha as portas e vai embora. Uma empresa pública jamais faria o que a Unigel fez: deixar uma fábrica importante de produção de fertilizantes parada por dois anos”, reiterou.
A CUT-SE mantém sua posição firme contra processos de privatização que, segundo a entidade, não geram benefícios concretos à população e aos trabalhadores, mas ao contrário, aumentam a insegurança econômica e social.
Por Redação
Foto: André Moreira/JC
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