Longe do auge alcançado em 2014, quando tinha quase 20 milhões de domicílios, a TV paga no país segue em declínio. Hoje há cerca de 15,3 milhões de domicílios, ou seja, 25% da base de assinantes dos canais por assinatura viraram ex-clientes. Para completar a crise, menos assinantes significam menos audiência. O IBOPE da TV fechada caiu aproximadamente 10% em 2019.
CAUSAS DA CRISE I
Entre os fatores que podem ter desencadeado a crise da TV paga, está a chegada do sinal digital no Brasil: durante muitos anos, a TV por assinatura ganhou clientes que queriam um melhor sinal melhor de televisão, já que o analógico era ruim em algumas regiões. Agora os consumidores não precisam de uma assinatura para ter os canais abertos em HD.
CAUSAS DE CRISE II
Há também a crise econômica que já existia antes da pandemia e se agravou com a mesma. Para a operadora Claro essa sim foi a grande desencadeadora da redução no número de assinantes. Segundo a operadora, muitos consumidores tiveram que escolher entre ter banda larga fixa, TV paga ou linha móvel. Durante o mês de março, o mercado de TV paga perdeu 89 mil assinantes no país.
CAUSAS DA CRISE III
Os canais de streaming também se tornaram uma grande concorrência. Com a popularização dos modelos de Smart TVs, a tecnologia de transmissão de dados, principalmente áudio e vídeo, pela internet sem a necessidade de baixar o conteúdo, passou a ser a principal opção de conteúdo sob demanda oferecido por serviços como a Netflix e disponibilizados por um valor menor que R$ 50 mensais.
TV PAGA: NOVO DESAFIO
Como se não bastassem as causas acima, a TV paga enfrentará a partir de de setembro um obstáculo que deve esvaziar ainda mais sua base de assinantes: a plataforma de streaming Globoplay vai oferecer um pacote com canais pagos e abertos. Serão 21 canais pagos, mais a programação da Globo aberta, o canal Futura e o conteúdo da Globoplay. A transmissão digital permitirá acesso a todo o conteúdo em tempo real ou sob demanda sem que o assinante precise de uma operadora de TV paga como intermediário para assistir a canais como Globo News, Viva SportTV, Canal Brasil, etc. por exemplo.
A SEGUNDA MAIOR AUDIÊNCIA DO PAÍS
Depois de superar a audiência da TV por assinatura, os serviços de streaming, avançam para dominar a TV aberta. No mundo, 1,2 bilhão de pessoas consumiram streaming em 2020, até o momento. No Brasil, serviços como a Netflix, de longe a mais consumida, YouTube, Amazon Prime, HBO GO, GloboPlay, além de conteúdo consumido pela internet como o conteúdo adulto do Xvideos, por exemplo, já superam não só toda a TV por assinatura como se distanciam cada vez mais de canais abertos como SBT e Record. De todas as emissoras abertas na faixa das 07h à 00h, e também nas 24 horas, a única que tem maior audiência que o streaming é a TV Globo. As TVs abertas terão que se reinventar ou não sobreviverão ao avanço dos canais de streaming no formato como as conhecemos hoje.
RANKING DE AUDIÊNCIA
Confirmando a vice-liderança dos serviços de streaming, os dados de mensuração da Kantar Ibope Media definiram o ranking de pontos de audiência em junho/2020 no Brasil entre 07h e 00h que ficou assim:
1 – Globo: 15,0
2 – Streaming: 7,0
3 – TV paga: 6,3
4 – Record: 5,5
5 – SBT: 5,0
6 – Band: 1,5
7 – Rede TV: 0,6
MAIS STREAMINGS I
Até 2021 entre oito e dez plataformas de streaming estarão disputando o bolso e a atenção do consumidor no Brasil. Dentre as novas plataformas de streaming que vêm por aí, a Disney + chegará ao Brasil em novembro deste ano prometendo ser um dos grandes concorrentes da Netflix. Para Erik Brêtas, diretor do Globoplay, o mercado não terá condições de abarcar todos e só os grandes sobreviverão.
PLUTO TV
Em dezembro chega a Pluto TV com 24 canais. O serviço poderá ser acessado em dispositivos móveis e Smart TVs e será gratuito. Sua rentabilização se dará com a exibição de anúncios de patrocinadores, como Mercado Livre, Unilever, Rappi, entre outros.
MAIS STREAMINGS II
Plataforma de streaming musical mais usada no mundo, o Spotify oferece catálogo com mais 50 milhões de músicas. Todos os dias, 40 mil músicas nova são adicionadas à plataforma de acordo com o CEO da empresa, Daniel Ek.
DESIGUALDADE MUSICAL
Se por um lado, os serviços de streaming de música tornam cada vez mais fácil para um artista novo publicar suas faixas está cada vez mais difícil fazer com que elas sejam ouvidas. Pesquisa da empresa americana Alpha Data publicada na revista “Rolling Stone” dos EUA, mostra que o “catálogo infinito” destas plataformas não garante uma diversidade maior no consumo: Mais de 90% das audições totais são de músicas de 1% dos artistas. Entre janeiro de 2019 a julho de 2020, os lançamentos nos principais serviços de streaming somaram 1,6 milhões de artistas que lançaram faixas ouvidas 293,8 bilhões de vezes.
MAIS OUVIDOS DA DÉCADA
Considerando a última década (2010 a 2019), os artistas mais ouvidos no mundo na plataforma Spotify foram o canadense Drake e o inglês Ed Sheeran. No Brasil, a cantora goiana Marília Mendonça foi a mais ouvida da década.
CNN RÁDIO
Depois de chegar a TV paga e a internet em 15 de março, a CNN Brasil chegará ao rádio brasileiro a partir de outubro. De acordo com informações da coluna do Ricardo Feltrin no site UOL, o acordo, fechado com a rádio Transamérica FM, prevê que a CNN Brasil assuma a programação jornalística com sete horas diárias na faixa das 06h as 12h e das 18h30 as 19h30 além de boletins de notícias na programação.
TRANSAMÉRICA
Fundada há 44 anos, a Rede Transamérica de Comunicação alcança 56 milhões de brasileiros em quase 200 cidades. Pertencente ao Conglomerado Alfa, que atua em segmentos como o financeiro, agronegócios, comunicação e cultura e hoteleiro, entre outros, seu público alvo é o adulto contemporâneo cuja faixa etária vai de 25 a 49 anos.
Murilo Lima é analista comportamental, coach e especialista em gestão de empresas e empreendedorismo. Possui também formações em desenvolvimento de líderes, desenvolvimento estratégico e gestão da criatividade e inovação. Atualmente é gerente comercial da Jovem Pan Aracaju e mentor voluntário da ONG Projeto Gauss.
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