Consumo de mídia das diferentes gerações na quarentena

O comportamento de consumo de mídia das diferentes gerações é objeto constante de análise de estudiosos e profissionais que atuam na área de comunicação.

A INTERNETSUL, Associação dos Provedores de Serviços e Informações da Internet, que congrega empresas prestadoras de serviços de Internet na região sul do Brasil, entre elas provedores de acesso, de informações, de backbone ou de serviços, apresentou dados de consumo de mídia durante a quarentena. Confira a seguir.

BABY BOOMERS

A designação vem da expressão “baby boom”, que representa a explosão na taxa de natalidade nos Estados Unidos no pós-guerra. Os baby boomers no Brasil viveram a Ditadura Militar e as promessas do milagre econômico, cresceram com oportunidades de trabalho ligadas à estabilidade dentro de grandes indústrias.

Entre os que têm faixa etária entre 57 e 64 anos atualmente, 42% aumentaram o consumo de TV aberta durante a quarentena.

GERAÇÃO X

A Geração X é aquela que sucede aos Baby Boomers e antecede a Geração Y. Entre alguns dos eventos históricos, culturais e sociais que eles partilharam estão a Guerra Fria, a TV em cores, a Corrida espacial, entre outros.

Ainda que tenham nascido em uma época em que a internet ainda não havia dominado (e mudado) o mundo, nas compras online eles são dominantes. Em 2018, a média de idade dos consumidores no e-commerce era de aproximadamente 43 anos e 7 em cada 10 compras eram realizadas por pessoas com mais de 35 anos. No mesmo ano, Geração X era responsável por mais de 50% da renda das famílias.

Com idade entre 38 e 56 anos atualmente, a Geração X aumentou o consumo de TV aberta (45%), rádio (38%) e TV online/Streaming (38%) durante a quarentena.

MILLENNIALS

Também conhecidos como Geração Y, os Millennials foram os primeiros a chegar à idade adulta nos anos 2000 e por serem os primeiros a ter o computador e a internet como algo comum do seu cotidiano, passaram a dominar essas ferramentas com muito mais propriedade e a receber diversos estímulos simultâneos conseguindo lidar bem com isso. É muito comum ver um Millennial ouvindo música, escrevendo um texto para faculdade ou trabalho e batendo papo on line: tudo isso ao mesmo tempo.

Os que têm hoje entre 23 e 37 anos começaram a consumir ou estão consumindo mais conteúdos em vários tipos de mídias principalmente vídeos on line (44%), TV online/Streaming (41%), Música on line , TV aberta, Jornal on line (35% cada), vídeo game (31%) e rádio (26%).

Os dados refletem uma das principais características desta geração: realizar mais de uma tarefa ao mesmo tempo.

GERAÇÃO Z

Nascidos entre 1997 e 2004, os nativos da Geração Z constituem o primeiro agrupamento de indivíduos que nasceu digital, conectado, móvel e que nunca viu o mundo sem internet.

Com idade entre 16 e 23 anos atualmente, eles são os nativos digitais. Uma geração considera pela Pesquisa da Box 1824/McKinsey como hipercognitiva, capaz de viver múltiplas realidades, presenciais e digitais, pelo fato de viverem completamente imersos em tecnologias e redes.

Mais da metade da Geração Z (51%) está consumindo consideravelmente mais vídeos on line do que consumia antes da quarentena da covid-19, seguido de TV online/Streaming (38%) e música on line (28%).

MAIOR TRÁFEGO DE INTERNET

O tráfego de internet no Brasil teve aumento médio de cerca de 30% desde o início da quarentena. Os dados são do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (SindiTelebrasil).

Entre os principais fatores que contribuíram para o aumento do tráfego estão o incremento de pessoas trabalhando em casa, o ensino a distância com aulas virtuais, gravadas ou ao vivo, e o consumo de conteúdo de entretenimento dos serviços de streaming e das lives que estão cada vez mais populares.

Em outras partes do mundo não foi diferente. No Reino Unido, de acordo com a empresa de telecomunicações British Telecom, o tráfego aumentou 60%. Já na Itália, a rede móvel da Telecom Italia registrou mais de 30% de crescimento no tráfego de internet.

CONSUMIDOR HIPERCONECTADO

Experimentando tudo que os canais digitais podem oferecer, o consumidor do mundo pós-pandemia sairá da crise mais conectado do que nunca.

Durante o webinar “Covid19 – Impactos no consumo e nas marcas no Brasil”, a CEO de Insights Division, da Kantar Brasil, Valkiria Garré deixou um recado claro para as marcas: ¨todas precisam de uma presença digital forte. E é importante garantir uma experiência positiva e surpreender sempre com novas formas de oferecer produtos e socializar.”

VAREJO VIRTUAL

Dentre as diversas atividades disponíveis on line está o ato fazer compras. Um levantamento da empresa de inteligência de mercado para o comércio eletrônico, Compre & Confie revela que foram realizados 49,8 milhões de pedidos de compra por meio de e-commerce no primeiro trimestre deste ano, número 32,6% maior que do primeiro trimestre de 2019. Já o faturamento das vendas digitais atingiu R$ 20,4 bilhões no mesmo período, uma alta de 26,7% em relação ao período idêntico de 2019.

O número de consumidores que começaram a usar o comércio eletrônico pela primeira vez também aumentou principalmente no ramo de alimentos. O segmento é líder entre as pessoas que dizem terem comprado pela primeira vez pela internet (17%).

ARACAJU SHOPPING VIRTUAL

As compras online já são uma realidade para a maioria dos brasileiros, incluindo os sergipanos, mas com as lojas fechadas em função da pandemia e o aumento das compras on line o comércio sergipano teve que adiantar mudanças que talvez só esperava implementar no longo prazo.

Em Sergipe, a virtualização do varejo está se dando, em muitos casos, na base do improviso: post do produto ou serviço no Instagram, pedido pelo whatsapp, entrega na residência do cliente. Funciona, mas o Sistema Fecomércio/Sesc/Senac de Sergipe firmou convênio com a empresa Aracaju Shopping Virtual que oferece condições especiais para os empresários associados ingressarem de forma mais profissional no e-commerce.

TRANSFORMAÇÃO DIGITAL

As novas gerações de consumidores, que têm demandas diferentes e comportamentos específicos, estão condicionando os métodos de fazer negócios. Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), cerca de 70% dos entrevistados aprovaram fazer suas compras de maneira online em 2019. Atualmente, o país tem mais de 940 mil sites de e-commerce que movimentaram de R$ 323,5 bilhões no mercado total no ano passado.

Não se discute que a transformação digital esteja inserida na vida do comércio, que o mercado brasileiro já é virtual e que não há mais o que esperar, mas é preciso atenção e avaliação criteriosa para adotar esse modelo de negócio. A transformação digital do negócio deve ocorrer de maneira estratégica.

LOJA PRESENCIAL X LOJA VIRTUAL

Um ponto importante de análise no processo da transformação digital é o diferencial do lucro entre a loja presencial e a virtual. A venda direta no balcão, por exemplo, tem uma taxa média de conversão de 95%, enquanto pela internet chega até 70%.

No Brasil, a cada 1 mil visitantes, somente 14 completam o processo e finalizam a compra em uma loja online, ou seja, apenas 1,4%. Se considerarmos a conversão de pagamentos (transações finalizadas com a aprovação final do pagamento), que, como mencionado acima, é de 70%, esse resultado significa que dos 14 clientes que finalizam a compra, diante dos 1 mil visitantes, apenas 10, em média, têm seu pagamento aprovado.

Por isso, antes de realizar qualquer investimento, pequenas, médias ou grandes lojas, precisam ter conhecimento das variáveis entre custos e lucros que ocorrem com a virtualização de seu negócio.


Murilo Lima é analista comportamental, coach e especialista em gestão de empresas e empreendedorismo. Possui também formações em desenvolvimento de líderes, desenvolvimento estratégico e gestão da criatividade e inovação. Atualmente é gerente comercial da Jovem Pan Aracaju e mentor voluntário da ONG Projeto Gauss. 

Comente

Participe e interaja conosco!

Arquivos

/* ]]> */