“Como é que vamos tratar preso no Brasil na ponta do fuzil e da faca?”, pergunta Emanuel Cacho

No cenário nacional, a violência é tema constante. Para falar sobre o assunto, o advogado criminalista e pré-candidato ao Senado, Emanuel Cacho, foi o entrevistado dos jornalistas Paulo Sousa e Rosalvo Nogueira, no programa Jornal da Manhã, da Jovem Pan FM, nesta segunda-feira (25).

“Existe uma cultura de encarceramento no país, e isso traz diversas implicações para o Brasil. Hoje são mais de 500 mil presos. Eu vivi todos os dias a justiça nos últimos 30 anos”, diz Cacho.

Para ele, o Judiciário é um dos grandes responsáveis pelo alto número de pessoas presas no país. E faz um alerta:

“Estamos nos aproximando do segundo maior índice de encarceramento do mundo. Primeiro é Rússia e depois a China. Estados Unidos investem trilhões, nós gastamos um décimo do que os Estados Unidos gastam e temos uma população carcerária maior que a deles. Além disso, temos mais advogados, mais faculdades de Direito”, observa.

Segundo o criminalista, estamos vivendo uma crise do sistema judiciário brasileiro, e faz-se necessário uma grande reavaliação.

“Nesse novo momento de Bolsonaro chegando ao poder, tivemos um ativismo de todas as partes, do Ministério Público, das policias, do Judiciário. Isso levou a uma punição mais dura […], todo mundo quer endurecer o sistema carcerário”, ressalta.

Sobre a ressocialização, maneira de oferecer dignidade e tratamento humanizado ao apenado, Cacho deixa a pergunta.

“Hoje numa cadeia não existe mais o agente ressocializador, criaram uma polícia para tomar conta de preso. Como é que vamos tratar preso no Brasil na ponta do fuzil e da faca?

O Atlas da Violência de 2018 apontou que o número de homicídios no Brasil subiu 60%. Sobre esse índice, Emanuel Cacho afirma que “o crime é natural ao ser humano, mas se existe uma cultura de reprodução na sociedade, só complica. Não existe uma cultura de paz, uma cultura social efetiva para fiscalizar quem toma uma pena alternativa, não existe um acompanhamento das pessoas que cometeram crime […]. Então, aumenta a criminalidade”.

E acrescenta: “Sergipe foi considerado um estado violentíssimo. E, no meio dessa violência, tivemos greves da PM, o delegado como senador, a delegada como vice-prefeita. O caso Moro […], ainda assim, eu vejo que não existe uma política real de controle e prevenção do crime. Eu quero a polícia circulando nas ruas e não nos gabinetes. Eu quero a polícia fazendo patrulhamento”.



Por Redação
Foto: Divulgação

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