O reitor da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Valter Joviniano de Santana Filho, foi notificado pela Câmara dos Deputados a prestar esclarecimentos sobre o contrato milionário do Ministério da Educação (MEC) com a instituição de ensino superior.
A proposição para o comparecimento ao Poder Legislativo nacional e interrogatório do reitor Valter Santana é de autoria do deputado federal Delegado Paulo Bilynskyj (PL-SP).
“Requeiro, nos termos do art. 24, VII, XI e XIV do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, o convite ao excelentíssimo Senhor Valter Joviniano de Santana Filho, reitor da Universidade Federal de Sergipe, para comparecer à Comissão de Educação, a fim de esclarecer questões acerca do contrato do Ministério da Educação (MEC) com a Universidade, no valor de R$ 12,2 milhões, referente a avaliação do Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD)”, justifica o deputado Paulo Bilynskyj.
Na Comissão de Educação da Câmara Federal, o reitor da UFS será sabatinado por deputados membros da comissão sobre o contrato de número 017/2023-UFS, em que cerca de R$ 5,5 milhões serão destinados para pagar o salário de 454 pessoas selecionadas para trabalharem no projeto, no período de janeiro deste ano a maio de 2025.
“Exercendo o meu dever parlamentar e em defesa do povo brasileiro, cabe convidar a presença do excelentíssimo Senhor Valter Joviniano de Santana Filho, a fim de ouvi-lo visando esclarecer as questões que envolvem o contrato mencionado e a averiguar possíveis irregularidades”, observa o deputado.
O que tem provocado estranheza entre docentes da universidade é o valor dos salários de um grupo seletivo de 10 pessoas, responsável por quase metade do valor total destinado à folha de pagamento.
Segundo a matéria do jornal paranaense Gazeta do Povo, o maior salário previsto é da coordenadora do projeto, que é doutora em Biotecnologia, e receberá o total de R$ 430 mil por duas horas semanais que dedicará ao trabalho até maio de 2025, o equivalente a pouco mais de R$ 1.700,00 por cada hora de trabalho.
Em entrevista ao Hora News, a professora Denise Albano, titular do curso de Direito da Universidade Federal de Sergipe e ex-candidata à reitora da UFS, fez vários questionamentos sobre os altos salários que serão recebidos por um grupo específico de docentes da universidade, e salienta que este deve ser o maior valor de hora de trabalho pago no serviço público brasileiro.
“O que há por trás desse projeto de 12,2 milhões de reais? O que justifica a coordenadora receber, o que acredito ser, o maior valor de hora de trabalho pago no serviço público brasileiro? Como explicar o gasto de 600 mil reais com reuniões online? Por que contratar um instituto de pesquisa por quase 1,5 milhão se o projeto já é para execução de uma pesquisa com previsão de cerca de 500 pessoas envolvidas e tem o diretor de estatística da UFS recebendo 60 mil reais para fazer análise dos dados levantados?”, indaga a professora.
Segundo a UFS, “a denúncia de supostas irregularidades manipula dados, sustentando-se por insinuações sem qualquer respaldo técnico, levantadas sob a argumentação da “implementação de agenda de esquerda” na instituição.
A instituição de ensino superior ressalta ainda que “denúncias sem qualquer evidência comprobatória ou respaldo técnico são uma afronta à atividade científica, à história do programa do livro didático e à reconhecida trajetória da Universidade Federal de Sergipe”.
Na avaliação da instituição educacional, na sombra do negacionismo científico as acusações de possíveis irregularidades buscam desqualificar e deslegitimar a instituição e seus pesquisadores.
Por Redação
Foto: Divulgação
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