O período junino em Sergipe é uma das épocas do ano em que vendedores ambulantes e artesãos se planejam para comercializar seus produtos e melhorar a renda da família. Uma dessas festas em que eles se planejam para trabalhar é o Forró Siri, o tradicional São Pedro de Nossa Senhora do Socorro. Porém, a festa que poderia ser uma forma de melhorar a renda desses trabalhadores tem sido motivo de muita revolta e decepção.
Nesta sexta-feira (28) e sábado (29) acontece o tradicional Forró Siri no Conjunto João Alves Filho, município de Nossa Senhora do Socorro.
A Prefeitura Municipal celebrou o Contrato nº 68/2024 com a empresa Denis Show’s e Eventos, inscrita no CNPJ nº 10.765.182/0001-45, com sede no Município de Craíbas (AL), tendo como objeto a realização de “patrocínio de estrutura através de empresas públicas e/ou privadas para os festejos juninos realizados no Município de Nossa Senhora do Socorro”.
Segundo o contrato, que o Hora News teve acesso, a referida empresa poderia optar pela concessão de um ou mais itens relacionados no contrato, a exemplo de estrutura de palco, gerador, camarim, barricadas, painel de LED, sonorização e iluminação profissional. Em contrapartida, o Município divulgará a empresa durante a realização dos eventos, publicitando a marca da patrocinadora nos espaços dos eventos.
Acontece que, segundo informações prestadas pela Associação dos Ambulantes e Artesões de Sergipe, através do seu presidente, os vendedores ambulantes estão sendo obrigados, de maneira informal, a adquirirem bebidas junto à empresa contratada pelo Município, a preços abusivos, muito acima dos praticados no mercado, o que tem tornado inviável a atividade comercial, ferindo o livre comércio. Caso não adquiram os produtos junto à referida empresa, não terão a entrada no evento autorizada.
A pedido da Associação dos Ambulantes e Artesões de Sergipe, uma audiência pública foi realizada no Ministério Público do Estado (MP-SE). A empresa se comprometeu em reduzir os preços dos produtos vendidos aos comerciantes da festa.
“A Prefeitura praticou o monopólio, junto com todos, por que é o preço de carta marcada. Fomos para o Ministério Público e lá a empresa assumiu o compromisso de reduzir em R$ 2,50 o valor de cada produto desses, mas isso ainda é muito alto. Um absurdo. Todos os vendedores e ambulantes estão revoltados com essa situação”, protesta Antônio Marcos Vieira, presidente da associação.
Os produtos em que os comerciantes e vendedores são obrigados a comprar exclusivamente à empresa Denis Show’s e Eventos, por força do contrato firmado pela Prefeitura de Nossa Senhora do Socorro, chegam a custar, em alguns casos, até 50% mais caro que o comercializado no mercado, praticamente inviabilizando a atividade comercial.
“É revoltante, como é que pode uma caixa de cerveja com 12 unidades por R$ 70,00? Um pacote de água mineral custando R$ 17,50? O pacote de Red Bull com 6 unidades estão vendendo pra gente por R$ 61,00. Valores altíssimos, em alguns casos com até 50% a mais que o preço que se vende nas festas. Como a gente vai ter algum lucro com esse valor tão alto? Isso é um absurdo. Todo mundo está revoltado com a empresa que monopolizou a venda no Forró Siri, mas também com a Prefeitura de Socorro, que permitiu esse absurdo”, desabafa Deise Conceição, comerciante de bebidas.
“E mais: eles estão nos fiscalizando, nos abordando, nos revistando na entrada, nos obrigando a abrir nossos carros, estão nos tratando como se a gente fosse marginal. Uma humilhação”, completa.
Vídeos enviados ao Hora News mostram vendedores e comerciantes revoltados e reclamando da desorganização do evento. Eles também alegam que a empresa contratada pela Prefeitura não tem condições de atender a demanda dos comerciantes.
O Hora News manteve contato com a Secretaria de Cultura e Turismo de Nossa Senhora do Socorro, mas não conseguiu encontrar o secretário da pasta para se manifestar sobre a revolta dos comerciantes e vendedores ambulantes.
Por Redação
Fotos: Reprodução
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