Chanceler Mauro Vieira rebate críticas de ministro de Israel e impõe respeito ao Brasil

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, reagiu aos ataques de seu congênere de Israel. Em declaração feita na Marina da Glória, no Rio de Janeiro, local de reuniões do G20, o ministro brasileiro rebateu as declarações da Chancelaria de Israel.

O chanceler israelense Israel Katz havia classificado a fala do presidente Lula, que comparou Benjamin Netanyahu a Hitler, como “promíscua” e “delirante”.

“Vergonha para o Brasil e um cuspe no rosto dos judeus brasileiros. Ainda não é tarde para aprender História e pedir desculpas”, postou Israel Katz no X, antigo Twitter.

O ministro da Chancelaria do Brasil, Mauro Vieira, rebateu, no mesmo tom duro, as declarações do ministro israelense, impondo respeito ao país.

Confira a nota na íntegra.

“Manifestações do titular da chancelaria do governo Netanyahu, de ontem e de hoje, são inaceitáveis na forma, e mentirosas no conteúdo.

Uma Chancelaria dirigir-se dessa forma a um Chefe de Estado, de um país amigo, o Presidente Lula, é algo insólito e revoltante. Uma Chancelaria recorrer sistematicamente à distorção de declarações e a mentiras é ofensivo e grave. É uma vergonhosa página da história da diplomacia de Israel, com recurso a linguagem chula e irresponsável.

Estou seguro de que a atitude do governo Netanyahu e sua antidiplomacia não refletem o sentimento da sua população. O povo israelense não merece essa desonestidade, que não está à altura da história de luta e de coragem do povo judeu. Em mais de 50 anos de carreira, nunca vi algo assim.

Nossa amizade com o povo israelense remonta à formação daquele Estado, e sobreviverá aos ataques do titular da chancelaria de Netanyahu.

O Ministro Israel Katz distorce posições do Brasil para tentar tirar proveito em política doméstica. Enquanto atacou o nosso país em público, no mesmo dia, na conversa privada com nosso embaixador em Tel Aviv afirmou ter grande respeito pelos brasileiros e pelo Brasil, que definiu como a mais importante nação da América do Sul. Esse respeito não foi demonstrado nas suas manifestações públicas, pelo contrário.

Não é aceitável que uma autoridade governamental aja dessa forma.

Além de tentar semear divisões, busca aumentar sua visibilidade no Brasil para lançar uma cortina de fumaça que encubra o real problema do massacre em curso em Gaza, onde 30 mil civis palestinos já morreram, em sua maioria mulheres e crianças, e a população submetida a deslocamento forçado e a punição coletiva. Isso tem levado ao crescente isolamento internacional do governo Netanyahu, fato refletido nas deliberações em andamento na Corte Internacional de Justiça. É este isolamento que o titular da chancelaria israelense tenta esconder. Não entraremos nesse jogo. E não deixaremos de lutar pela proteção das vidas inocentes em risco. É disso que se trata.

O embaixador de Israel em Brasília e o governo Netanyahu foram informados de que o Brasil reagirá com diplomacia, mas com toda a firmeza, a qualquer ataque que receber, agora e sempre”.



Por Redação
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

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