Conter a violência no Brasil exige ações concretas e eficientes. Em Sergipe, não é diferente. O menor estado do país em extensão territorial conta com profissionais da área da segurança pública que são preparados tecnicamente e vocacionados para o trabalho de prevenção à criminalidade, repressão à violência, elucidação de crimes e salvamento de pessoas. Entretanto, não basta ter policiais civis, policiais militares e bombeiros militares bem intencionados. É necessário que o Governo do Estado faça sua parte, valorizando esses profissionais, priorizando a pasta da segurança pública e buscando soluções efetivas para a redução de crimes que amedrontam a população sergipana.
É engano pensar que apenas homicídios, feminicídios, latrocínios e lesões seguidas de morte assustem as pessoas. Delitos como roubos e furtos também causam sensação de insegurança no cidadão, que acaba por alterar sua rotina por medo da violência nos arredores do local onde reside ou trabalha. Em Sergipe, acabamos nos tornando reféns do medo: receio de ficar até tarde na porta de casa conversando com um vizinho; de atender uma pessoa estranha que chegou em nossa casa; de frequentar a praça mais próxima de onde moramos; de chegar em casa de madrugada após um evento social; ou simplesmente de pegar um transporte público utilizando aparelho celular.
Por mais que o Governo de Sergipe insista em normalizar a violência urbana, o corpo sente os efeitos da ansiedade provocada pelo medo. Afinal, o ser humano se relaciona com o ambiente em que vive. Quando a violência aumenta cresce também a ameaça e a prontidão. No caso daqueles que já foram vítimas de alguma situação ligada ao crime, os efeitos psicológicos negativos podem ser ainda maiores: vontade de ficar apenas dentro de casa; de querer se mudar para outro local; hipertensão, síndrome do pânico, taquicardia, tensões musculares, entre tantos outros problemas que quando estamos na atividade policial ouvimos relatos diários nas ruas e nas delegacias.
O Governo de Belivaldo precisa descruzar os braços para a crise que se instalou na segurança pública de Sergipe e parar de tratar o tema com negacionismo. O primeiro passo para arrumar a bagunça é compreender os problemas que afligem os policiais civis, policiais militares e bombeiros militares. A luta dessas categorias reunidas no chamado Movimento Polícia Unida pelo direito ao adicional de periculosidade, reposições inflacionárias e reestruturação das carreiras para os servidores que estão na ativa ou inativos (aposentados, reformados) é apenas um recorte da situação que travessamos.
Os policiais e bombeiros de Sergipe não buscam apenas um reajuste salarial pífio que seja anunciado pelo Governo do Estado como solucionador dos problemas que têm enfrentado, pois conhecem seus direitos e o perigo constante da profissão que exercem. Também não querem aprovação de projetos que beneficiem apenas uma parte destes profissionais. O trabalho policial é realizado em equipe, todos precisam sair minimamente satisfeitos.
É necessário que haja sensibilidade do Governo para compreender o atual cenário e resolver os problemas que tanto afligem os profissionais da área, pois a maior vítima do caos instalado na segurança pública é o cidadão de bem, que segue refém do medo e da insegurança nos 75 municípios sergipanos. Em verdade, segurança pública precisa voltar a ser assunto tratado com prioridade em Sergipe. Por isso, o momento sugere que o Governo de Belivaldo busque o caminho do diálogo ampliado, alinhamento e bom senso no relacionamento com as forças de segurança pública. Fica a torcida do povo sergipano por dias melhores para todos nós.
Adriano Bandeira é policial civil, bacharel em Direito e em Ciências Contábeis, especialista em Gestão Tributária e Planejamento Fiscal, presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Estado de Sergipe, e articulista colaborador do Hora News.
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