O sociólogo e militante do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Camilo Feitosa (PT), foi um dos candidatos a vereador por Aracaju que obtiveram uma boa votação nas eleições municipais de 2016. Apesar de ter alcançado quase 2 mil votos em Aracaju, o petista não conseguiu se eleger, ficando na segunda suplência da coligação do partido.
Em entrevista ao portal Hora News, o jovem político que segue a mesma linha do pai, o deputado federal João Daniel (PT), que já está no segundo mandato federal, descreve como sua candidatura foi planejada e avalia os principais fatores que prejudicaram sua chegada à Câmara de Aracaju.
Segundo Camilo, a demora em decidir pela candidatura e o momento difícil em que o PT passava com o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff foram fatores que exigiram muito da militância, o que acabou de certa forma prejudicando sua eleição.
“Em primeiro lugar é importante ressaltar que a construção da minha candidatura em 2016 se deu em um novo formato. A gente construiu toda ela a partir de plenárias e debatemos todos os eixos programáticos da campanha com a militância que circulava na construção dessa nossa candidatura. Então a campanha de 2016 trouxe essa característica que foi construída de forma coletiva. Segundo lugar, a gente acabou construindo ela muito tarde, a campanha só foi colocada na rua no final de julho, por que a gente aguardava decisões de outros companheiros para saber se eles seriam ou não candidatos. Na desistência desses companheiros a gente organizou a corrente e debatemos sobre as eleições. E aí a turma chegou a consciência que teria que ter candidato, que essa candidatura tinha que ser construída coletivamente e que essa candidatura tinha que ir para valer para a rua, para fazer a disputa, principalmente da narrativa do que estava acontecendo no Brasil. A gente estava tendo um golpe de estado, tiraram a presidenta Dilma em 2016, no mesmo período assume o presidente Michel Temer, então a gente teve um conjunto de lutas e de mobilizações que houve da frente Brasil Popular, que houve do Partido dos Trabalhadores e foi nesse contexto que a campanha foi construída. Ela foi construída para dar suporte, para dar voz na Câmara e na ciência da conjuntura nacional a época”, explica Camilo.
De acordo com o petista, a falta de tempo para se dedicar à campanha também contribuiu para que a sua candidatura não fosse vitoriosa. Ele também responsabiliza o PT por não ter acatado a sugestão do grupo em colocar chapa própria para vereador em 2016.
“Primeiro lugar faltou tempo à campanha. Como ela foi construída muito tarde, lá pra julho, quando eu fui procurar várias outras lideranças para conversar, para dialogar, muita gente já tinha se comprometido com outras candidaturas. Isso foi um fator. O outro fator que impossibilitou a nossa vitória em 2016 foi a discussão se o PT teria chapa própria para vereador. Com aqueles mesmos candidatos que o PT teve com a mesma votação, o PT elegeria dois e eu estava entre os dois. Então uma coisa foi o tempo da campanha, a segunda coisa foi a coligação que o PT se enfiou. Se você olhar, naquele mesmo ano o PSD teve 11 mil votos e elegeu dois vereadores, o PT passou dos 16 mil e elegeu um, o PCdoB teve a mesma votação e elegeu dois. O PT deveria ter construído candidaturas, uma chapa própria em 2016 para vereador de Aracaju e foi isso que nós defendemos”, critica Camilo.
Gestão Edvaldo
Diferentemente do petista Silvio Santos, que criticou a gestão Edvaldo Nogueira em entrevista ao Hora News, Camilo Feitosa reconhece as dificuldades enfrentadas pelo prefeito, mas enxerga avanços na administração comunista. Mesmo assim, ele prefere não arriscar uma nota, deixando essa responsabilidade para a população aracajuana.
“Não gosto de dar nota, mas acho que muita coisa precisa ser feita e tenho certeza que Edvaldo tem essa consciência. O transporte coletivo é um dos problemas que precisam melhorar, mas comparando a gestão de Edvaldo com a de João, que só fez aquela obra da Praia Formosa, você ver a gestão de Edvaldo com obras por toda a cidade, além de ter regularizado o salário dos servidores. Então é uma gestão bem melhor que a de João, supera e muito. Mas eu prefiro não dar nota, como diz o próprio Edvaldo, deixo que a população avalie a gestão dele”, observa.
Para Camilo Feitosa, as críticas feitas por Silvio Santos à gestão municipal do PCdoB fazem parte do pacote de diálogo do PT e devem ser ouvidas pelo prefeito. Ele reconhece Silvio Santos como um quadro histórico do PT e diz esperar maturidade dos dois políticos para acabar com os conflitos.
“Silvio Santos é um quadro histórico que o Partido dos Trabalhadores tem. Eu acho que os dois são quadros muito valorosos da política sergipana e devem ser ouvidas as críticas de Silvio, que estão dentro de um pacote de diálogo que o PT tem que ter com Edvaldo. Agora as arestas precisam ser paradas e acho que eles vão ter maturidade para solucionar esses problemas”, conclui Camilo.
Em entrevista ao Hora News, Silvio Santos, que já foi vice-prefeito e secretário de Edvaldo Nogueira, bem como secretário na administração de Marcelo Déda, criticou a gestão municipal e deu nota cinco para o atual administrador de Aracaju.
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