Bolsonaro rebate acusações e diz que Moro exigiu indicação ao STF

O presidente Jair Bolsonaro afirmou na tarde desta sexta-feira (24) que o agora ex-ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) concordou por “mais de uma vez” com a demissão do ex-diretor-geral da Polícia Federal Maurício Valeixo, mas só a partir de novembro, depois que Bolsonaro o indicasse para o STF (Supremo Tribunal Federal).

Bolsonaro afirmou que nunca interferiu em qualquer investigação da PF, mas disse que procurou saber, “quase implorando”, por casos como o da facada que sofreu durante a campanha eleitoral de 2018.

“Não são verdadeiras as insinuações de que eu desejaria saber sobre investigações em andamento”, disse.

O presidente afirmou que o caso seria de mais fácil “solução” do que os assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e do motorista Anderson Gomes, no dia 14 de março de 2018 –até hoje sem resposta.

Bolsonaro também afirmou que procurou saber numa outra oportunidade sobre o suposto envolvimento amoroso de seu filho 04, Jair Renan, com a filha de um acusado de integrar a milícia Rio, morador de seu condomínio na Barra da Tijuca, Zona Oeste da cidade. Este mesmo acusado teria participado do assassinato da psolista.

“A intenção de dizer que meu filho namorava a filha do ex-sargento era que nós tínhamos 1 relacionamento. Eu não me lembro dele. Pode ser até que eu tenha tirado foto com ele. Durante a pré-campanha é comum eu tirar 500 fotos por dia”, disse.

Ele acrescentou que, por isso, fez “1 pedido à PF, quase como por favor”:

“Chegue em Mossoró e interrogue o ex-sargento. Foram lá, a PF fez o seu trabalho, interrogou e está comigo a cópia do interrogatório, onde ele diz simplesmente o seguinte: a minha filha nunca namorou o filho do presidente Jair Bolsonaro, porque a minha filha sempre morou nos Estados Unidos.”

O presidente afirmou que Moro “não se dignou” a procurá-lo e preferiu convocar 1 pronunciamento no Ministério da Justiça e Segurança Pública para anunciar sua saída do governo.

“Uma coisa é você admirar uma pessoa, a outra é conviver com ela, trabalhar com ela”, afirmou.

De acordo com Bolsonaro, ele disse a deputados com os quais se encontrou na manhã desta 6ª feira (24) que “hoje” eles conheceriam, às 11h, “aquela pessoa que tem compromisso consigo próprio, com seu ego, e não com o Brasil”.

O presidente disse que Moro não participou de sua campanha. Afirmou que deu “autonomia” a todos, mas que isso é diferente de “soberania”. “A todos os ministros, e a ele também, falei do meu poder de veto. Os cargos chaves teriam que passar pelas minhas mãos e eu daria o sinal verde ou não”, disse.

Ele acrescentou que, em “mais de 90% desses cargos” que passaram por suas mãos, deu “sinal verde”. “Assim foi com o senhor Valeixo. Até ontem, diretor geral da nossa honrada e gloriosa Polícia Federal.”

Bolsonaro não mencionou inquéritos no STF (Supremo Tribunal Federal) citados pelo ex-juiz federal Sergio Moro. O ex-ministro mencionou as apurações sobre fake news e sobre a organização dos atos que tinham, entre outras pautas, o restabelecimento do AI-5 (Ato Institucional 5), o mais repressivo da ditadura.

Integrantes do próprio Palácio do Planalto afirmam que essas apurações devem “atingir em cheio” alguns bolsonaristas. Entre eles, estão deputados federais.

O presidente também não falou nada sobre a pandemia da covid-19 (doença causada pelo novo coronavírus), crise que atinge seu governo e foi pano de fundo para a demissão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta.

Durante o pronunciamento, o presidente esteve ao lado do vice-presidente Hamilton Mourão, de todos os ministros de seu governo –exceto Ricardo Salles (Meio Ambiente), que está em viagem oficial– e dos deputados federais Helio Lopes (PSL-RJ), Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e Carla Zambelli (PSL-SP).



Fonte: Poder 360
Foto: Sérgio Lima/Poder 360

Comente

Participe e interaja conosco!

Arquivos

/* ]]> */