Há três meses foco dos noticiários do País, a pandemia do novo coronavírus divide espaço, desde quarta-feira (24), com a possibilidade de uma nuvem de gafanhotos atingir as lavouras brasileiras. O fenômeno se formou no Paraguai e atravessou várias regiões da Argentina rumo à fronteira do Brasil com o Uruguai.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento declarou estado de emergência fitossanitária no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina devido ao risco de surto da praga Schistocerca cancellata nas áreas produtoras dos dois estados. Em Sergipe, a discussão não atingiu as autoridades sanitárias e biólogos acreditam que não existe risco do estado ser atingido.
Bióloga doutora em Zoologia e professora da Universidade Tiradentes, Maria Nei da Silva explica que o fenômeno é muito comum nas regiões semidesérticas, como África e Ásia. Na América do Sul, já ocorreu em intervalos longos nos anos de 1891, 1930, 1940,1960.
“A nuvem de gafanhotos é um fenômeno comum com explicação biológica e ambiental. Apesar dos problemas agrícolas causados, essa espécie não é vetor de doença para o homem. Biologicamente, esses gafanhotos são gregários, vivem juntos quando as condições de sobrevivência, de alimentação e de reprodução são boas. Causas climáticas, a diminuição dos predadores e abundância de alimentos favorecem seu aparecimento”, diz.
Alcance
Mesmo que os gafanhotos cheguem ao sul, Maria Nei não acredita que ela alcance outros estados brasileiros.
“Provavelmente não chegue nem ao Rio Grande do Sul porque a previsão do tempo é de chuva e frio e a espécie gosta de vento e calor”, afirma, destacando uma característica pouco falada que é a reprodução da espécie, já que a fêmea deposita os ovos na terra e esses podem ficar ‘incubados’ por tempo indeterminado.
Controle
Biólogo e doutorando no Programa de Pós Graduação em Saúde e Ambiente da Unit, Felipe Mendes Fontes também acredita que o problema não chegará ao Nordeste e afirma que não há motivo para pânico.
“A nuvem de gafanhotos avança conforme condições favoráveis que encontram pelo caminho, como tempo quente e seco, vento e alimentos. As formas de evitar é por meio do controle químico. Não existe motivo para pânico e as autoridades brasileiras pedem que os agricultores fiquem atentos e comuniquem se esses animais estiverem presentes nas lavouras”, salienta.
Por Ana Dulce Melo – DRT 1172-SE (Ascom)
Fotos: Divulgação
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