Ataques em Brasília e atual cenário da Segurança Pública: o Brasil precisa caminhar para frente

Apuração, responsabilização, punição, ilegalidade, vandalismo e terrorismo foram palavras pronunciadas com frequência nos últimos dias em todo o país após o episódio ocorrido em Brasília/DF no dia 8 de janeiro. A democracia brasileira foi testada com os atos antidemocráticos que ocorreram aos prédios dos Três Poderes – Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal. Naquele contexto, a razoabilidade de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi esquecida e a barbárie tomou conta de um cenário incompreensível aos olhos de todo o mundo. 

Nada pode justificar um crime que se apresentou como um ato político e resultou em um ataque à democracia. É inevitável que as responsabilizações ocorram, tendo em vista que as sedes do legislativo, executivo e judiciário foram colocadas em risco. Na esfera da atribuição de cada autoridade, a situação precisa ser devidamente apurada e punida. Além disso, é fundamental evitar que novos ataques na capital federal ou em outras regiões do país ocorram. E o papel das Polícias nas prisões, apreensões e investigações resultantes do caso estão sendo devidamente cumpridos, seja na prevenção ou na apuração que a situação exige. 

Até o momento, o Ministério Público Federal conta com cerca de 40 denúncias prontas contra envolvidos nos atos que culminaram na invasão e depredação das sedes dos três Poderes em Brasília. Mais de 1.200 pessoas foram ouvidas, de acordo com informações da Corregedoria Nacional de Justiça. Além do rastro de destruição patrimonial, precisamos lembrar que mais de 40 policiais militares ficaram feridos durante os ataques. Esses atos de violência não podem ficar impunes, pois muitos operadores de segurança pública seguiram trabalhando no local em defesa da democracia, mesmo machucados. 

Entretanto, sabemos que é necessário sair do redemoinho que trata sobre o assunto e começar a falar em políticas públicas efetivas para todo o país referentes ao combate à criminalidade, enfrentamento à violência relacionada sobretudo aos grupos vulneráveis, valorização dos profissionais de segurança pública e política criminal brasileira. Precisamos avançar no quesito aumento da sensação de segurança nas cinco regiões do país, independente dos gestores que estejam à frente do Governo Federal e dos Governos Estaduais. 

É o momento de trégua, de equilibrar as emoções entre situação e oposição. É preciso assimilar que as eleições ocorreram em outubro do ano passado e que já existe um novo grupo político à frente das diretrizes da nossa nação, quer seja no âmbito da segurança pública ou em outras pastas. A queda de braço contínua entre pessoas fanáticas segue atrasando o país em diversos aspectos. Não venceremos os desafios da nossa nação com atitudes antidemocráticas, irresponsáveis e violadoras dos direitos humanos. Nosso país precisa caminhar a passos largos para enfrentar desafios e problemas que se arrastam há tempos sem resolutividade, com destaque para situações que envolvem a atuação do Ministério da Justiça e Segurança Pública. As Polícias querem melhorias; os policiais precisam de maior valorização profissional e o povo exige mais segurança nas ruas. Essa conta precisa fechar e o Brasil precisa caminhar para frente. O momento é agora. 


Adriano Bandeira é policial civil, bacharel em Direito e em Ciências Contábeis, especialista em Gestão Tributária e Planejamento Fiscal, presidente da Confederação Brasileira de Trabalhadores Policiais Civis (Cobrapol) e articulista colaborador do Hora News.

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