Todos têm direito à educação e segurança. É o que traz o texto da nossa Constituição Federal. Nos últimos meses, vivemos uma onda de ataques e ameaças de ataques em escolas por todo o país. A segurança das nossas crianças está comprometida. Os pais estão com medo de deixar os filhos irem à escola, local em que deveriam estar mais protegidos e seguros. A situação, que é muito delicada, merece atenção especial de nossos governantes, do Poder Executivo, Legislativo e Judiciário. E também das forças de segurança, dos funcionários das escolas, familiares e de toda a sociedade.
O resultado da atuação das forças de segurança tem sido positivo. De acordo com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, até o dia 20 de abril já haviam sido registrados mais de 2,5 mil boletins de ocorrências e 1,7 mil casos estavam em investigação. Também foram realizadas 270 ações de busca e apreensão de armas e artefatos de grupos extremistas. Além disso, foram feitas 812 solicitações para retirada de conteúdos online, material que será usado como prova das investigações.
Os dados demonstram a complexidade e a gravidade da situação. Nos últimos 20 anos, segundo dados do Instituto Sou da Paz e divulgados pelo ministro Flávio Dino, foram 93 mortos e feridos em ataques em escolas. Ao longo dos anos, desde o governo de Fernando Henrique Cardoso, o número cresceu. E é necessário que medidas sejam tomadas para que a situação seja revertida.
O governo federal tem tomado algumas medidas. Além da destinação de recursos para educação e segurança, tem priorizado o foco na internet, por meio de sua regulação, para que não seja utilizada de modo abusivo. Algumas pessoas podem entender como uma forma de regular a liberdade de expressão.
No entanto, essa liberdade deve ser observada, já que, diante de uma situação delicada, como é o caso da violência nas escolas, devemos priorizar a coletividade em prol da individualidade. Não basta um indivíduo publicar o que quer nas redes sociais, ele deve ter responsabilidade ao externar sua opinião e não incentivar atos de violência, devendo ser punido em caso de cometimento de um crime cibernético.
Até o dia 20 de abril, já haviam sido feitas 302 apreensões e prisões, mais de 20 por dia, o que foi considerado pelo ministro Flávio Dino, que considera a situação como uma epidemia. De fato, é uma epidemia. Não são casos isolados. Em sua maioria, são jovens e adolescentes na mira das investigações. O que ainda precisa ser descoberto é se há financiamento ou se há alguém por trás dessa rede que difunde o ódio.
Com certeza, as polícias de todo o país estão trabalhando para proteger as nossas crianças e descobrir o que alimenta essas ameaças e ataques. É necessário promover uma cultura de paz. Essa cultura deve vir de todos os lados: família, amigos e Estado. Precisamos ouvir os nossos jovens e ficar atentos às suas demandas. É com educação que um país se desenvolve. É ela que nos forma e que nos traz, consequentemente, a segurança tão desejada.
Adriano Bandeira é policial civil, bacharel em Direito e em Ciências Contábeis, especialista em Gestão Tributária e Planejamento Fiscal, presidente da Confederação Brasileira de Trabalhadores Policiais Civis (Cobrapol) e articulista colaborador do Hora News.
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