No mundo moderno a tecnologia vem ocupando seu espaço a ponto de ameaçar a substituição da mão-de-obra humana pelas técnicas computadorizadas, isso chama-se automação.
Na fábrica da assistência humana, ou seja, na fabricação do cuidado ao indivíduo no seu processo saúde-doença será impossível que isso aconteça. Muito mais que equipamentos modernos e medicamentos com amplo espectro, vale a prestação da boa assistência, o acolhimento e o cuidado, de humano para humano.
Isso nos leva a refletir que o trabalhador da saúde, que é quem fabrica o cuidado humanizado, não será substituído, entretanto, ao longo dos anos percebemos um enfraquecimento do empenho destes profissionais na solidificação dessa proposta humanizada no âmbito do SUS.
Diante disso vale pontuar alguns agravantes, como experiência de causa e aprendizado ao longo de 15 anos de experiência profissional, construindo um perfil de liderança e obtendo êxito nos cenários que passei.
É evidente na atualidade observar as relações conflituosas entre profissionais da área gestora, supervisão e execução, resultante muitas vezes pelo autoritarismo, incapacidade de dialogar, desinteresse pelo outro, falta de empatia, desequilíbrio na divisão das responsabilidades, omissões e falta de comprometimento. Resultante disso a fragilidade e desqualificação da assistência prestada.
Os aspectos relevantes que queremos destacar como foco desse desestímulo dos maiores fabricadores da assistência humanizada são: 1) desvalorização no que tange a falta de política que garanta empregos protegidos com salários justos, a precarização do emprego na saúde pública atualmente é um grande motivo de pressão psicológica e assédio moral; 2) jornadas de trabalho exageradas, sem nenhum tipo de flexibilização, impedindo o profissional de fazer qualquer planejamento pessoal em dia e horários úteis; 3) ambientes de trabalho indignos, inseguros e insalubres; 4) falta de projetos de acolhimento em atenção à saúde emocional e psicológica do trabalhador.
É preciso que os gestores olhem para os profissionais executores da “assistência humanizada” como humanos também, indivíduos com toda sua complexidade de “SER” humano, com sua bagagem emocional, psicológica, social, familiar, econômica, cultural e que preciso é acolher esse indivíduo nas suas particularidades e ao mesmo tempo valorizando-o como profissional, nos aspectos citados acima, para que ele devolva na assistência o que ele recebe dos seus gestores e supervisores.
Exercer cargos de liderança é um grande desafio e exige muita sensibilidade, flexibilidade, sabedoria, perspicácia, conhecimento para que em um universo de pessoas, cada uma com sua individualidade, todas consigam atingir o mesmo objetivo da assistência qualificada e humanizada. Ser líder é colocar vontade e entusiasmo nos corações, além de ser exemplo nas ações.
Uma relação saudável com olhares mútuos entre gestores e profissionais executores, estabelecendo uma relação de confiança e respeito, não tenhamos dúvida, a entrega ao usuário atenderá a proposta da humanização.
Emanuelly Carvalho Hora é enfermeira especialista em saúde pública e gestão e regulação dos serviços públicos de saúde e articulista do Hora News.
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