É comum a imprensa noticiar reclamações de familiares de pacientes que precisam do transporte realizado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) de Sergipe. A queixa mais comum é da demora na chegada da ambulância. Há casos em que até mortes foram condicionadas ao tempo de espera. Por outro lado, servidores também denunciam as precárias condições das bases do SAMU no interior.
Mas pelo visto, o serviço não está em crise quando se trata de atendimento particular. Isso mesmo: particular. É que uma viatura, acompanhada de profissionais do SAMU de Sergipe, viajou até Salvador, no dia de ontem, 17, transportando uma pessoa com transtorno psiquiátrico, em boas condições clínicas e aparentemente gozando também de excelentes recursos financeiros. Ela mora em um luxuoso apartamento na Avenida Beira Mar, principal área nobre da capital sergipana.
E se fosse uma pessoa do povo, haveria todo esse cuidado? Dificilmente não. O Hora News apurou que a própria Central de Regulação negou o transporte, afirmando que ele não era prioridade e que a própria família poderia fazê-lo. Além disso, a consulta estava previamente agendada, havendo tempo suficiente de a família preparar um transporte particular.
Mas não foi isso o que aconteceu. Uma “ordem de cima” rasgou a análise técnica e a viatura saiu no sábado com destino a uma clínica particular na capital baiana. Durante o trajeto, três carros da família “escoltaram” a ambulância do SAMU, que deveria estar em Sergipe dando assistência à população sergipana.
Sobre o fato, a Secretaria de Estado da Saúde se limitou a escrever a seguinte nota: a Secretaria de Estado da Saúde (SES), através do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192 Sergipe), informa que não houve desassistência à população, em virtude do deslocamento de uma viatura com paciente psiquiátrico à cidade de Salvador. Neste sábado, estiveram à disposição de toda a população 38 Unidades de Suporte Básico (USB), além das motolâncias e Unidades de Suporte Avançado (USA).
Mas muita coisa ainda precisa ser esclarecida, principalmente em revelar o nome da pessoa transportada e se realmente a Central de Regulação negou o transporte por não se tratar de uma situação de urgência. E a grande pergunta que os sergipanos fazem é se o governador Belivaldo Chagas teve conhecimento de tudo isso.
O mínimo que a sociedade espera do governador, agora, é que ele ouça a regulação médica do caso, bem como tenha acesso à ficha de atendimento do paciente para que possa, de forma clara, ter o real conhecimento do fato.
Foto: SES/Divulgação
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