A expectativa de vida e a longevidade da população brasileira têm aumentado consideravelmente nas últimas décadas. Nesta nova realidade social que se apresenta, quem antes era chamado de idoso descobre que tem ainda muita energia e capacidade para correr atrás de novos projetos, e um deles pode ser iniciar um curso de graduação.
Este é o caso do aluno do Programa Pré-Universitário (Preuni) da Secretaria de Estado da Educação e da Cultura (Seduc), José Francisco dos Santos Caetano, de 60 anos, que acaba de realizar o sonho de se matricular no primeiro período do curso de licenciatura em Química, da Universidade Federal de Sergipe (UFS).
“Toda a vida eu tive o desejo de estudar na universidade, mas confesso que, em alguns momentos, cheguei a pensar que seria impossível, enquanto em outros momentos, sentia que o meu sonho estava cada vez mais próximo de se tornar realidade. Hoje, aos 60 anos de idade, estou me sentindo pleno, pois consegui chegar aonde queria”, comenta, emocionado.
Nascido e criado na zona oeste de Aracaju, José Francisco realizou seus estudos da 1ª à 8ª série do antigo 1º Grau (atual ensino fundamental) na Escola Estadual Cel. Francisco Souza Porto e no Colégio Estadual Professor Arício Fortes, ambos localizados no bairro América. Pouco tempo depois, José Francisco casou-se e teve uma filha.
“Com uma família para sustentar, não sobrava tempo para me dedicar aos estudos. Então acabei abandonando a escola e corri atrás de trabalho em São Paulo”, comenta.
Na ‘selva de pedras’ que é São Paulo, José Francisco trabalhou em diversas áreas.
“Nesses meus 60 anos de experiência de vida, 20 deles eu morei em São Paulo. Para sobreviver na cidade grande, eu tive que aprender a fazer de tudo um pouco. Já trabalhei como motorista de caminhão, já atuei como agente de saúde da extinta Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (Sucam), também fui trabalhador e empreendedor no setor da construção civil, e ainda exerci a nobre função de alfabetizador comunitário”, relembra com nostalgia.
De todas as atividades listadas por José Francisco, alfabetizador comunitário era o que mais lhe dava prazer.
“Eu me considero uma pessoa comunitária, que gosta de cuidar daqueles que estão à minha volta. E, quando a gente está dentro de uma comunidade, precisa passar conhecimento. Então, nesses encontros que a vida nos proporciona, eu acabei colaborando por um tempo com o Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos (Mova), criado por Paulo Freire, na zona norte de São Paulo. Só que um dia eu comecei a me questionar: ‘como eu posso ser um alfabetizador comunitário, sendo eu um semianalfabeto?’”, frisa.
Foi nesse momento, aos 49 anos de idade, que José Francisco decidiu retomar os estudos a partir do Ensino Médio, por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA).
“Quando eu finalizei os estudos do ensino básico, o sonho de botar os pés na universidade voltou com força, mas eu não encontrei nenhum programa preparatório do governo paulista”, afirma.
Com saudade das origens, em 2015 José Francisco retornou para Sergipe juntamente com sua família. Quatro anos depois, em 2019, ele conheceu o programa Pré-Universitário da Seduc por meio de uma notícia no telejornal local.
“Eu estava assistindo à TV e ouvi do repórter que o período de matrículas do Preuni estava aberto. Pensei: era tudo o que eu estava procurando! Não perdi tempo e realizei logo a minha inscrição. De lá para cá, foi tudo questão de tempo, dedicação e muito estudo, com o apoio irrestrito da equipe do Preuni Polo Barra”, acrescenta.
Hoje, José Francisco é só felicidade com sua conquista.
“Como eu fui alfabetizador comunitário, marquei como primeira opção Pedagogia, mas não tive nota suficiente para a linha de corte do curso. Então, resolvi garantir a minha vaga na UFS com a minha segunda opção, pois, refletindo melhor, percebo que uma licenciatura em Química também me permitirá ser professor”, comemora o futuro educador.
Por Assessoria de Imprensa
Foto: Michele Becker
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