O senador da República, Alessandro Vieira (MDB), criticou o poder econômico que estaria sendo utilizado, segundo ele, por uma das candidaturas que disputam a Prefeitura de Aracaju. De acordo com o senador sergipano, “a falta de legislação adequada e a ausência de fiscalização” estariam contribuindo para o uso do poder econômico nas eleições municipais deste ano.
O MDB, presidido em Sergipe pelo senador, materializou uma denúncia com relação à campanha da candidata do União Brasil, Yandra Moura. De acordo com a denúncia, ela teria gastado na pré-campanha valores superiores ao limite permitido para a campanha.
Ainda, segundo Alessandro Vieira, a candidata do União Brasil teria gastado entre R$ 5 milhões a R$ 10 milhões na pré-campanha sem informar a origem do dinheiro.
“Você não tem um regramento tão claro, mas você não pode fazer uma pré-campanha gigante, uma pré-campanha que tem recursos de origem não declarada, porque a gente está falando de recursos na faixa de R$ 5 milhões a R$ 10 milhões, empregados na pré-campanha. E você não tem, absolutamente, nenhuma declaração da origem desses recursos. A candidata não tem esse recurso. A candidata, se não tivesse gastado nenhum centavo do salário que recebe como deputada, não consegue justificar nem 1/4 do patrimônio que tem”, critica o parlamentar.
Alessandro Vieira chama a atenção dos órgãos de fiscalização para se atentarem ao controle dos gastos públicos em campanhas eleitorais. Salientando que “dinheiro não dá em árvore”, ele observa que o jogo político não pode ser desigual.
“Essa é uma realidade que, muito claramente, qualquer órgão de controle poderia resolver. A Receita Federal poderia resolver, a Polícia poderia resolver, mas nós temos uma cultura no Brasil de baixíssima fiscalização ou de fiscalização seletiva. Então, a gente vem tentando fazer esse trabalho, pra tentar igualar o jogo ou, no mínimo, esclarecer o cidadão, porque dinheiro não dá em árvore. Quando brota esse dinheiro, essa conta é altíssima e ela vai ser paga na gestão. Esse dinheiro vem carimbado e esse dinheiro vai ter que voltar e vai voltar com juros e correção monetária altíssima e quem paga é o cidadão comum. A campanha tem limites financeiros”, afirma o senador, acrescentando que “não tem como quem faz parte de um projeto e tem contaminação criminosa entregar para o cidadão uma gestão honesta.
“Isso não é aceitável na democracia, a gente vai continuar cobrando do Ministério Público e da Polícia que façam o seu papel, e alertando o eleitor: ‘essa conta é cara, quem vai pagar é você. Não tem como quem faz parte de um projeto e tem contaminação criminosa entregar para o cidadão uma gestão honesta, uma gestão efetiva, não tem como. Se o cidadão esclarecido ainda assim achar que é uma boa ideia entregar a cidade para esse tipo de gente, paciência. A democracia tem esses problemas”, completou.
Em resposta ao pedido de investigação feito pelo MDB ao Ministério Público Federal, a candidata Yandra emitiu uma nota pública justificando que seu patrimônio é fruto do subsídio de deputada e herança do avô. Porém, o senador Alessandro Vieira, que é delegado de polícia, atestou que o herdeiro de Reinaldo Moura são os filhos e não os netos, contrariando os argumentos da candidata.
“Só acho curioso que ela esconde o pai da campanha, ela esconde agora o pai até do inventário. Por que quem tem pouco conhecimento de Direito, sabe que o herdeiro é o pai dela, não é ela. Esse inventário está em andamento ainda, ele não foi nem concluído ainda”, explica o senador, questionando supostas fazendas, empreendimento financeiro e carros de luxo em nome da candidata do União Brasil.
“É muito difícil você conseguir explicar a aquisição de três fazendas e a montagem de um empreendimento financeiro, a aquisição de dois veículos de luxo, loteamento aqui em Aracaju, tudo isso colocado em nome dela e em nome do irmão dela, e colocar isso na conta de uma suposta herança? Até porque, o saudoso Reinaldo Moura, uma pessoa muito querida no estado todo, que foi conselheiro do Tribunal de Contas, estava longe de ser um homem rico, nunca se teve essa notícia dessa riqueza de Reinaldo Moura. Mas se ela consegue explicar, parabéns!”, ironiza o senador.
Segundo Alessandro Vieira, a única forma do político honesto enriquecer na política é acertando na Mega-Sena.
“É importante até fazer um vídeo para dar aula para as pessoas, como é que eu ganho um salário de x e eu consigo fazer um patrimônio de 5 vezes? As pessoas se acostumaram a fazer esse tipo de jogo, sem questionamento, não vai acontecer em Sergipe, sem questionamento! A gente vai questionar tudo! Com educação, com equilíbrio, com respeito, sem nenhum tipo de ataque pessoal, mas com firmeza, porque eu estou falando do futuro do povo de Aracaju, eu estou falando de uma campanha que, notoriamente, ultrapassa os limites financeiros, isso não tem dúvida nenhuma, isso tem que gerar uma consequência. Tenho toda a condição, toda a clareza, toda a coragem de mostrar a verdade para os sergipanos. Político que entra na política e enriquece, tem coisa errada, a não ser que ele consiga me provar que ganhou na Mega-Sena. Não tem como enriquecer na política”, conclui.
A entrevista do senador Alessandro Vieira foi concedida ao Jornal da Manhã, na Jovem Pan Aracaju, nesta segunda-feira (30).
Por Redação
Foto: Laisa Bonfim
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