Neste dia 3 de outubro, aconteceu o debate da TV Globo com os candidatos à prefeitura de Aracaju, um evento aguardado por muitos como uma oportunidade para os eleitores conhecerem as propostas daqueles que buscam conduzir o futuro da cidade. No entanto, um acontecimento lamentável manchou o processo democrático: a ausência do candidato Zé Paulo, do partido NOVO, que não foi convidado pela TV Sergipe para participar do debate.
Este fato nos leva a uma reflexão mais ampla sobre o que significa o direito à informação e sua relação direta com a democracia. A emissora justificou sua decisão com base em um critério técnico: o partido NOVO não possuía cinco representantes no Congresso Nacional até o dia 20 de julho. No entanto, ao longo da campanha, Zé Paulo participou de todos os debates realizados pelos demais veículos de comunicação locais, o que nos faz questionar a real necessidade de seguir à risca um argumento que exclui um candidato com propostas legítimas.
O caso de Aracaju não é isolado. Candidatos do NOVO em outras cidades importantes também foram excluídos de debates. Marina Helena, em São Paulo, Felipe Camozzato, em Porto Alegre, e o senador Eduardo Girão, em Fortaleza, enfrentaram obstáculos semelhantes. Esta situação levanta uma questão importante: estamos realmente oferecendo ao eleitor todas as informações necessárias para fazer uma escolha consciente?
A democracia se baseia na pluralidade de ideias, no debate aberto e no acesso igualitário às informações. Quando um candidato é excluído de um debate, seja por critérios questionáveis ou interesses ocultos, estamos privando o eleitor de uma parte fundamental de seu direito. Não se trata apenas de dar voz a um partido, mas de garantir que o cidadão tenha acesso a todas as opções que o processo eleitoral oferece.
O direito à informação não pode ser manipulado ou restringido de acordo com conveniências. O eleitor tem o direito de conhecer todos os candidatos aptos e suas respectivas propostas, para que possa fazer uma escolha livre, informada e consciente. Ao impedir que Zé Paulo se apresente ao público aracajuano, a TV Sergipe não fere apenas o partido NOVO, mas o próprio eleitor e o princípio democrático de liberdade de escolha. A pergunta que fica é: por que restringir o acesso à informação? Qual é o real interesse por trás dessas decisões? A quem interessa a limitação de opções no debate público? Será que o objetivo é realmente escolher o melhor candidato, ou estamos diante de uma tentativa de direcionar o voto em detrimento do debate plural?
A democracia exige que a informação circule livremente, sem barreiras ou censura. Qualquer ação que limite esse fluxo deve ser vista com desconfiança e analisada à luz dos princípios que fundamentam uma sociedade democrática. A exclusão de vozes e ideias enfraquece o processo eleitoral e priva o eleitor de exercer plenamente seu direito de escolha. É preciso garantir que todos tenham a oportunidade de se apresentar e debater, para que a democracia continue a ser, de fato, um espaço de participação de todos.
Aurélio Lima Barreto é analista de sistemas graduado pela Universidade Federal de Sergipe e articulista colaborador do Hora News.
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