O Partido dos Trabalhadores tem feito um combate contra a retirada de direitos e conquistas sociais, pelo governo Bolsonaro, digno dos grandes partidos da esquerda mundial, porém no Estado de Sergipe, o campo majoritário do PT silencia diante do massacre imposto pelo governo que tem no comando Belivaldo Chagas (PSD) e Eliane Aquino (PT).
O PT sergipano atua de uma forma em Brasilia contra o governo Bolsonaro, e de outra aqui no estado. Lá ele trava uma luta renhida, e aqui faz vistas grossas diante da retirada de direitos de servidores ativos e aposentados.
A Reforma da Previdência do Estado de Sergipe é tão nociva, tão criminosa com quem trabalhou para ter o direito a uma aposentadoria, quanto a que foi feita pelo cataplasmado Jair Bolsonaro.
O PT só tem uma saída possível para não aumentar ainda mais a decepção da maioria da sua militância, desembarcar do governo urgentemente sem bilhete de passagem de volta.
Enquanto o partido tiver ocupando espaços do governo não terá autonomia para se posicionar contra a agenda neoliberal de Belivaldo Chagas, que além dos ataques a classe trabalhadora, coloca em curso as privatizações envergonhadas do Banese e da Deso (na Sergás o governo só tem hoje 17% das ações).
O SINDFISCO tem denunciado fartamente que o governo Belivaldo segue a linha de Jackson Barreto de não apertar os empresários que sonegam imposto, ao fechar postos de fiscalizações nas divisas com os estados de Alagoas e Bahia.
Belivaldo fez opção por não executar judicialmente a dívida ativa dos empresários na ordem de 10 bilhões, preferiu jogar a conta da crise econômica nas costas dos servidores, principalmente daqueles que recebem os menores salários.
O governo Belivaldo/Eliane mantem a velha política dos cargos comissionados para manter os aliados próximos, e eu não tenho dúvidas de que uma boa vassourada em parte dos CCs ajudaria muito a diminuir o valor da folha de pagamento.
O que agrava ainda mais o silêncio do PT sergipano, é o fato de a vice-governadora ser do partido e até agora não ter se posicionado.
Sem Eliane no palanque dificilmente Belivaldo seria eleito, portanto ela tem a obrigação de dizer publicamente o que pensa sobre a reforma da previdência.
Outro aspecto que merece destaque diz respeito a total ausência de diálogo do governo com o movimento sindical, simplesmente viraram a chave do trator e estão vindo pra cima do movimento sindical.
Merece relevo nesse processo a atuação firme da CUT, que tem o professor Roberto Silva como presidente (eleito no dia 31 de novembro), do SINTESE, que tem a incansável Ivonete Cruz na linha de frente, o Sindifico, o Sintrase etc.
É mais honesto se posicionar do lado do governo, e portanto, contra os servidores mesmo contrariando a militância, do o esse silêncio ensurdecedor.
Eu ajudei com muita luta a construir o PT pra ser uma ferramenta da classe trabalhadora, mas se nesse momento os seus quadros que dirigem o partido se omitem da luta, não conta comigo nem com a corrente Articulação de Esquerda.
Por fim, não vou desistir do PT, vou continuar disputando os seus rumos, porque ele é um patrimônio da classe trabalhadora, e se alguém tem que deixar o partido não sou eu, e sim que recua diante do ataque dos inimigos.
Rubens Marques é professor da rede estadual de ensino e ex-presidente da Central Única dos Trabalhadores em Sergipe.
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