Apesar das altas arrecadações provenientes das multas de trânsito, a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito de Aracaju (SMTT) está financeiramente quebrada. Assim revelou o superintendente Nelson Felipe em entrevista à Rádio Jovem Pan.
De acordo com Nelson Felipe, a Superintendência está sem equipamentos e materiais para trabalho, não tendo, inclusive, cones suficientes para atender a demanda do trânsito da cidade.
“Em relação à própria SMTT, eu encontrei um problema, que talvez assim, um dos mais graves que eu tenha encontrado em minha vida: eu tenho, hoje, um órgão que tem uma estrutura física muito boa, né? As paredes, as salas, a parte de computadores, informática muito boa, porém, um órgão que esqueceu de evoluir, um órgão que não tem atualizações de trabalho, um órgão que está sem equipamento, sem materiais para trabalho. Eu vou lhe dar um exemplo simples: hoje, a quantidade de cones de sinalização, que é o único material de trânsito que eu tenho disponível lá, hoje eu só tenho 100. 100 cones eu não consigo fechar uma rua. Só fazendo uma pequena comparação, a própria PRF, que foi minha casa mãe, ela, quando tem pouco, tem no mínimo 300 cones. Então, a SMTT, que tem que cuidar de uma cidade com quase 700 mil habitantes, só tem 100 cones”, lamenta Nelson.
“Então, assim, eu não tenho nenhum outro tipo de material pra sinalização de interdição de vias. Chegou num certo momento do final de semana que a prefeita falava comigo, eu disse: ‘prefeita, eu não tenho mais capacidade de atender porque eu não tenho mais nem gente, nem equipamentos e nem absolutamente nada, eu não tenho viatura, não tenho gente, nem tenho equipamentos para poder atender à demanda que tá acontecendo na cidade’. Recursos é uma coisa que a gente tá buscando, correndo atrás, vendo lá, ‘raspando os tachos’. Ontem mesmo, meu DARF chegou com a notícia que encontrou um certo valor, que a gente vai tentar aderir à alguma ata, porque não dá tempo de fazer licitação, tem que aderir à alguma ata que esteja aberta pelo país, para conseguir comprar equipamentos, porque não tem”, acrescente.
“E aí você começa a entender porque que a população dizia ‘ninguém vê a SMTT na rua. Na parte que eu lhe falei, sim. Talvez, na parte física, de parede, não. Mas na parte principal do órgão, que é o ser humano, não tinha absolutamente nada, ela está precisando ser reconstruída. Até a questão de salário, para você ter ideia, os agentes receberam o último aumento de salário comigo, ainda”, completa.
Segundo Nelson Felipe, atualmente a arrecadação da SMTT se resume as multas aplicadas por infrações no trânsito. Ele lamenta que a Superintendência Municipal tenha direito a apenas R$ 3 mil por cada corrida de rua, enquanto as organizações arrecadam milhares de reais com o evento esportivo.
“Hoje, a arrecadação da SMTT se reduz a multas, porque tudo foi tirado da SMTT, a parte que existia do transporte público, que era a tarifa de gerenciamento fracional do sistema, foi zerada, a parte que a gente recebia também, por exemplo, eu vou lhe dar um outo exemplo bem simples: toda semana tem corrida, corrida de rua. Imagine que aquelas corridas de rua, que recolhem milhares de reais das pessoas, tem uma inscrição de R$ 150, R$ 200 reais, fora os patrocinadores, mas a SMTT, pela lei que tem hoje, pela tabela que tem hoje, ela cobra R$ 3.000,00, no máximo, de cada corrida de rua. As multas de trânsito realmente é o que tem, só que a multa de trânsito ela vem carimbada, eu só posso usar para o trânsito, eu não posso usar para outra coisa, a não ser para o trânsito e educação para o trânsito”, salientou.
Com uma folha girando em torno de R$ 1,2 milhão por mês, Nelson lamenta que terá de recorrer à Prefeitura para pagar a folha mensal.
“Eu vou lhe dizer só uma coisa: eu não consigo pagar minha folha. A folha é em torno de R$ 1 milhão e 200 mil, eu tenho que pedir dinheiro à Prefeitura para pagar a folha. Então assim, é um órgão que precisa ser reestruturado, é um órgão que precisa ter, novamente, uma situação onde alguém olhe pra ele, porque a gente percebia, e eu não sei se vocês, jornalistas, entendiam dessa forma, mas é um órgão que não era visto, ele era colocado lá no cantinho, olha, você fica aí, não se mexe, não se meta”, critica.
Questionado sobre abertura da caixa-preta da SMTT, defendida pelo vereador Isac Silveira, líder da prefeita na Câmara Municipal, o superintendente endossou a iniciativa do parlamentar.
“Se ele tiver chave, alicate, pé-de-cabra, o que ele tiver para abrir essa caixa-preta, ele pode contar comigo, que a gente está à disposição e eu acredito que Dra. Emília, da mesma forma. Inclusive, ela falou a campanha inteira, não só da SMTT, mas da Prefeitura como um todo. A gente quer realmente descobrir os porquês que chegamos a esse ponto”, conclui.
A entrevista de Nelson Felipe foi concedida ao Programa Jornal da Manhã, na Jovem Pan FM.
Por Redação
Foto: Paulo Sousa
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