O senador Rogério Carvalho (PT-SE) afirmou, em entrevista à TVT nesta segunda-feira (28), que será preciso fazer uma devassa no Ministério da Saúde. A declaração do senador sergipano é uma reação à denúncia, feita pelos irmãos Miranda à CPI da Pandemia, de que houve irregularidades na compra da vacina Covaxin pelo governo Bolsonaro.
“Vamos ter que fazer uma devassa no Ministério da Saúde em termos de aquisições de produtos relacionados à Covid-19”, defendeu o senador Rogério.
O senador petista explicou que Bolsonaro foi procurado por um deputado federal da base do governo, informando que havia uma operação suspeita ou abordagens suspeitas a um servidor do Ministério da Saúde, e o presidente não tomou nenhuma providência.
“É uma denúncia que mostra que o presidente, sabendo do ato de corrupção, não tomou nenhuma medida, muito pelo contrário, ele continuou agindo para que se materializasse a aquisição das vacinas da Covaxin”, afirmou.
Para o senador Rogério, com a denúncia, os parlamentares e as bancadas dos partidos já podem acionar o Ministério Público Federal e o Supremo Federal.
“Isso não precisa esperar, porque isso é um crime que está previsto, é um crime evidente, não tem mais o que esperar. É preciso que a gente já aponte alguma providência”, disse.
Durante a entrevista, o senador Rogério explicitou que, ao longo do final de semana, começaram a aparecer outras denúncias do envolvendo o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), de que ele esteja envolvido também na aquisição de outras vacinas com preços ainda mais altos do que a Covaxin por meio de empresas de amigos dele no Paraná. Na CPI, os irmãos Miranda afirmaram que Bolsonaro citaram o nome de Barros, quando foi alertado sobre as irregularidades na compra da Covaxin.
“Ele foi ministro da Saúde, ele tem relações internas dentro do ministério e ele tem agido como se ministro fosse e além disso traficando influência e favorecendo determinados grupos”, explicou.
De acordo com o senador sergipano, diante de tudo que foi apurado pela CPI até p momento, Bolsonaro agiu utilizando a máquina pública para aquisição de alguns insumos, caracterizando a advocacia pública para garantir o interesse privado com interferência direta do Bolsonaro.
“Foi o caso da cloroquina, que ele fez uma ligação específica para o primeiro ministro da Índia e ao mesmo tempo defendendo a venda do insumo farmacêutico ativo (…) para duas empresas específicas e agora o presidente também liga para o primeiro ministro da Índia para que a empresa Baratch Biontech fosse fornecer essa vacina, a Covaxin, a essa empresa específica que tinha o contrato de exclusividade no Brasil” , avaliou.
O senador Rogério também recordou a atuação temerária de Bolsonaro na condução da pandemia. O senador recordou que ele largou os brasileiros à própria sorte para se infectarem e adquirirem naturalmente imunidade, o que propiciou o surgimento de variantes e que aumentou e prolongou a pandemia em nosso país, que ele não adotou medidas não farmacológicas de controle da pandemia, que ele foi contra o uso de máscaras, que ele obstruiu o trabalho de governadores, quando quiseram fazer restrições, que ele não comprou vacina no tempo certo e só defendeu o uso da coloroquina.
“Além disso, agora começa a se caracterizar o crime de privilégios e, eu não vou dizer de corrupção, mas de processos fora de conformidade, que pode ser um indício forte de corrupção do governo Bolsonaro na compra de insumos para atender as demandas da pandemia”, prosseguiu.
O senador Rogério lembrou ainda que o governo poderia ter comprado vacinas direto de laboratórios, em razão do tamanho, da demanda e do que representa o Brasil, não o fez.
“Com o Luis Miranda e o Luis Ricardo Miranda, os dois irmãos, a gente vai tentar encontrar outros problemas de um governo que se dizia santo e puro e que a sociedade comprou isso como a verdade, da honestidade, da moralidade e como a gente sabe todo moralista é no fundo um falso moralista, a regra vai se confirmando sem nenhum pudor”, disse.
Para o senador petista, a forma e o método de atuação são absolutamente despudorados, “porque é o presidente agindo diretamente para beneficiar algumas específicas empresas na aquisição de insumos para a Covid”.
Por fim, o senador Rogério afirmou que não acredita, mesmo diante de toda a gravidade dos fatos, que o presidente da Câmara, deputado federal Arthur Lira (PP-AL), irá dar andamento aos pedidos de impeachment contra Bolsonaro.
“O Arthur Lira é uma geladeira, o Arthur Lira não vai fazer pedido de impeachment enquanto os interesses dele e do grupo dele estiverem sendo atendidos”, concluiu o senador Rogério, reforçando a importância do ato político, que é a entrada de um superpedido de impeachment contra Bolsonaro, previsto para ser entregue à Câmara dos Deputados na próxima quarta-feira (30).
Por Cris Silva
Fotos: Divulgação
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