Rogério Carvalho quer CPI da Pandemia investigando indícios de crimes na compra da Covaxin

Em entrevista à CNN, nesta terça-feira (23), o senador Rogério Carvalho (PT-SE) defendeu que a CPI da Pandemia avalie todas as possibilidades e tudo que está envolvido no jogo de interesses entorno da compra da Covaxin pelo governo Bolsonaro.

“Foi a vacina comprada mais rapidamente em detrimento de outras vacinas, como a CoronaVac, como a Moderna, com a Jansen”, explicou.

Na segunda-feira (22), a imprensa trouxe a público um documento do Ministério Público Federal (MPF) que identificou indícios de crime, como superfaturamento, na compra de 20 milhões de doses da vacina indiana Covaxin pelo Ministério da Saúde a um preço de R$ 1,6 bilhão. O MPF solicitou que o caso seja investigado na esfera criminal, para apuração da prática de improbidade administrativa. 

“Essa ocorreu rápido, foi comprada sem registro na Anvisa e teve intermediação, inclusive, do presidente da República para aquisição dessas vacinas”, disse o senador Rogério.

“Portanto, ela levanta um olhar da CPI sobre ela e que, na semana que vem, a gente deve ouvir  o presidente da empresa e, esta semana, se aprovado hoje o relatório e os requerimentos, a gente deve ouvir o Fernandes Miranda, funcionário do Ministério da Saúde e talvez o irmão dele Luis Miranda”, prosseguiu.

O senador também afirmou que a CPI precisa estar atenta a outros contratos do governo federal.

“É importante também lembrar que a Pfizer teve um contrato de 100 milhões de doses à US$ 10 e agora foi feito um segundo contrato de 100 milhões de doses à US$ 12. Então, é preciso também olhar pro contrato da Pfizer. Por que houve um aumento de US$ 2 por dose em um espaço curto de tempo de contratação?”, questionou.

Osmar Terra

Sobre a participação do deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), o senador sergipano disse que ele tentou criar uma versão para a teoria de imunidade de rebanho e que ele pode ser investigado pro crime contra a saúde pública, em razão das orientações que deu e a forma como conduziu a pandemia.

“Na verdade, ele tentou se safar de uma possível condição de investigado, porque o tempo todo ficou claro para quem ouviu as entrevistas dele e as próprias publicações que ele fez, em Twitter e em redes sociais, ele falava claramente em deixar a população se imunizar a partir do adoecer”, avaliou.

Para o senador Rogério, depois do depoimento ficou claro que Osmar Terra era é o grande responsável por orientar Bolsonaro na condução da pandemia.

“Era o cérebro da direção do rumo da pandemia junto ao presidente da República e junto ao gabinete paralelo. Se é gabinete paralelo, se é gabinete consultivo, o que importa é que o presidente da República ouvia esse gabinete e tomou decisões e adotou uma postura de tornar a cloroquina como único meio de controlar a pandemia”, afirmou.

Questionado sobre se o deputado federal poderia ser responsabilizado, o senador Rogério defendeu que a imunidade parlamentar não protege ninguém de cometer crime e existem crimes contra a saúde pública que foram perpetrados por vários agentes públicos ou privados.  

“No caso do deputado Osmar Terra, ele promoveu crime contra a saúde pública. Ele informou errado, ele orientou errado, ele mentiu”, defendeu.

“Ele foi 20 vezes ao gabinete do presidente, ele induziu, mas a responsabilidade em última instância é de quem decide, é do presidente da República, que adotou medidas que levaram a exposição de milhares de brasileiros, de milhões de brasileiros que contraíram a doença e morreram”, pontou.

Durante a entrevista, o senador Rogério também voltou a dizer que só não temos mais mortes por Covid-19 no Brasil em razão da resistência da sociedade, do Congresso Nacional e de outros.

“Se fosse pela teoria deles, com certeza, nós já teríamos mais de 1,5 milhão de mortos”, declarou.





Por Cris Silva
Foto: Agência Senado

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